Transtorno de Ruminação

Critérios Diagnósticos

  • Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente deglutido ou cuspido.
  • A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrintestinal ou a outra condição médica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose do piloro).
  • A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo.
  • Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual] ou outro transtorno do neurodesenvolvimento), eles são suficientemente graves para justificar atenção clínica adicional.

Especificar se:

Em remissão: Depois de terem sido preenchidos os critérios para transtorno de ruminação, esses critérios não foram mais preenchidos por um período de tempo sustentado.

Características Diagnósticas

A característica essencial do transtorno de ruminação é a regurgitação repetida de alimento depois de ingerido durante um período mínimo de um mês (Critério A). O alimento previamente deglutido que já pode estar parcialmente digerido é trazido de volta à boca sem náusea aparente, ânsia de vômito ou repugnância. O alimento pode ser remastigado e então ejetado da boca ou novamente deglutido. A regurgitação no transtorno de ruminação deverá ser frequente, ocorrendo pelo menos várias vezes por semana, em geral todos os dias. O comportamento não é mais bem explicado por uma condição gastrintestinal ou outra condição médica associada (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose do piloro) (Critério B) e não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno alimentar restritivo/evitativo (Critério C). Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual], transtorno do neurodesenvolvimento), é preciso que sejam suficientemente graves para justificar atenção médica adicional (Critério D) e deverão representar um aspecto primário da apresentação do indivíduo que requer intervenção. O transtorno pode ser diagnosticado durante toda a vida, sobretudo em indivíduos que também apresentam deficiência intelectual. Muitos indivíduos com o transtorno podem ser observados diretamente durante o comportamento de ruminação pelo médico. Em outros casos, o diagnóstico pode ser feito com base no autorrelato ou em informações corroborativas de pais ou cuidadores. Os indivíduos podem descrever o comportamento como habitual ou fora de seu controle.

Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico

Lactentes com transtorno de ruminação exibem uma posição característica de tensionar e arquear as costas com a cabeça fletida para trás, fazendo movimentos de sucção com a língua e dando a impressão de obterem satisfação com tal atividade. Eles podem ficar irritados e famintos entre episódios de regurgitação. A perda ponderal e o insucesso em obter o ganho de peso esperado são características comuns em lactentes com transtorno de ruminação. A desnutrição pode ocorrer a despeito da aparente fome do lactente e da ingestão de quantidades relativamente grandes de alimentos, sobretudo em casos graves, quando a regurgitação segue imediatamente cada episódio de alimentação e o alimento regurgitado é expelido. A desnutrição pode ocorrer também em crianças mais velhas e em adultos, em particular quando a regurgitação é acompanhada por restrição da ingestão. Adolescentes e adultos talvez tentem disfarçar o comportamento de regurgitação cobrindo a boca com a mão ou tossindo. Alguns evitarão comer em frente a outras pessoas em virtude do aspecto social indesejável do comportamento. Eles podem ampliar esse comportamento evitando alimentar-se antes de situações sociais, como o trabalho ou a escola (p. ex., evitando o desjejum porque pode ser seguido por regurgitação).

Prevalência

Dados de prevalência do transtorno de ruminação são inconclusivos, mas o transtorno é comumente mais relatado em certos grupos, como indivíduos com deficiência intelectual.

Desenvolvimento e Curso

A manifestação inicial do transtorno de ruminação pode ocorrer em lactentes, na infância, na adolescência ou na idade adulta. A idade da manifestação inicial geralmente fica entre 3 e 12 meses. Nos lactentes, o transtorno cede com frequência de forma espontânea, mas seu curso pode ser prolongado e resultar em emergências médicas (p. ex., desnutrição grave). O transtorno pode ser potencialmente fatal, sobretudo em lactentes. Pode ter um curso episódico ou ocorrer continuamente até ser tratado. Nos lactentes, bem como em indivíduos mais velhos com deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou outros transtornos do neurodesenvolvimento, o comportamento de regurgitação e ruminação parece ter uma função calmante e estimulante semelhante à de outros comportamentos motores repetitivos, como balançar a cabeça ritmicamente.

Fatores de Risco e Prognóstico

Ambientais: Problemas psicossociais como falta de estimulação, negligência, situações de vida estressantes e problemas na relação entre pais e filhos podem ser fatores predisponentes em lactentes e crianças pequenas.

Consequências Funcionais do Transtorno de Ruminação

A desnutrição secundária à regurgitação repetida pode estar associada a atraso no crescimento e pode ter um efeito negativo no potencial de desenvolvimento e aprendizagem. Alguns indivíduos mais velhos com o transtorno restringem deliberadamente a ingestão de alimentos em virtude do aspecto socialmente indesejável da regurgitação. Eles podem, assim, apresentar-se com perda ponderal ou baixo peso. Em crianças mais velhas, adolescentes e adultos, o funcionamento social tende a ser afetado de forma mais adversa.

Diagnóstico Diferencial

Condições gastrintestinais: É importante diferenciar regurgitação no transtorno de ruminação de outras condições caracterizadas por refluxo gastroesofágico ou vômitos. Condições como gastroparesia, estenose do piloro, hérnia de hiato e síndrome de Sandifer em lactentes deverão ser excluídas por exames físicos e testes laboratoriais apropriados.

Anorexia nervosa e bulimia nervosa: Indivíduos com anorexia nervosa e bulimia nervosa também podem regurgitar com subsequente eliminação do alimento como um meio de livrar-se das calorias ingeridas em virtude da preocupação com o ganho de peso.

Comorbidade

Regurgitação com ruminação associada pode ocorrer no contexto de uma condição médica ou outro transtorno mental concomitante (p. ex., transtorno de ansiedade generalizada). Quando a regurgitação ocorre nesse contexto, um diagnóstico de transtorno de ruminação é apropriado apenas se a gravidade da perturbação exceder a habitualmente associada a tais condições ou transtornos e justificar atenção clínica adicional.

Fonte: DSM-V
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais empreenda qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.

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